Arritmia

Os Pacientes com Síndrome do QT Longo se Beneficiam de CDI?

Escrito por Pedro Veronese

Esta publicação também está disponível em: Português

O cardiodesfibrilador implantável (CDI) é classe I de recomendação em pacientes com síndrome do QT longo congênito (LQTS) que foram recuperados de parada cardiorrespiratória (PCR) e classe IIa naqueles que apresentaram taquicardia ventricular ou síncope apesar do uso adequado de betabloqueador (BB).

Apesar destas recomendações, a efetividade do CDI na redução da mortalidade nesta população não tem sido bem estudada. Baseado nesta premissa, um recente artigo publicado, JACC VOL. 78, NO. 21, NOV 23, 2021:2076 – 2088, investigou o benefício do CDI na sobrevida dos pacientes com essa canalopatia.

3.035 pacientes (597 com CDI) de um registro de Rochester que apresentavam QTc ≥ 470 ms ou mutação para LQTS foram incluídos. Os pesquisadores avaliaram a mortalidade por todas as causas, mortalidade por todas as causas abaixo dos 50 anos de idade e morte súbita cardíaca (MSC) em função da terapia de CDI tempo-dependente. Os subgrupos avaliados foram: recuperados de PCR, síncope em uso de BB, e QTc ≥ 500 ms e síncope sem uso de BB.

Após um follow-up de 118.837 pessoas/ano, 389 pacientes morreram (137 antes dos 50 anos e 116 apresentaram MSC). Na população do estudo, os pacientes com CDI tiveram um menor risco de morte (HR: 0,54; 95% IC: 0,34 – 0,86), um menor risco de morte antes dos 50 anos (HR: 0,29; 95% IC: 0,14 – 0,61), e menor risco de MSC (HR: 0,22; 95% IC: 0,09 – 0,55) em relação aos pacientes sem CDI. Os portadores de CDI também tiveram menor risco de morrer nos 3 subgrupos avaliados: recuperados de PCR, síncope em uso de BB, e QTc ≥ 500 ms e síncope sem uso de BB, (HR: 0,14; 95% IC: 0,06 – 0,34; HR: 0,27; 95% IC: 0,10 – 0,72; e HR: 0,42; 95% IC: 0,19 – 0,96), respectivamente.

Os autores concluíram que os pacientes com LQTS portadores de CDI apresentaram menor risco de morte por todas as causas, morte por todas as causas abaixo dos 50 anos e MSC, assim como menor risco de morte por todas as causas nos 3 subgrupos estudados. Esse artigo proporciona evidências que suportam o implante de CDI nesta população de alto risco.

Conclusão Cardiopapers:

O implante do CDI nessas situações já é consagrado na literatura médica. Esse estudo de vida real, baseado na análise de um banco de dados, corrobora a força destas recomendações.

Lembrando alguns conceitos sobre intervalo QT através de mapas mentais:

Segue também vídeo nosso resumindo o que você precisa saber sobre intervalo QT:

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Sobre o autor

Pedro Veronese

Médico Especialista em Clínica Médica pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Cardiologista, Arritmologista e Eletrofisiologista pelo InCor-HCFMUSP.
Médico Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC.
Médico Especialista em Arritmia Clínica e Eletrofisiologia pela Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas - SOBRAC.
Médico do Centro de Arritmias Cardíacas do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Doutor em Cardiologia pelo InCor - HCFMUSP.
Preceptor da Residência de Clínica Médica do Hospital Estadual de Sapopemba e Hospital Estadual Vila Alpina.
Médico Chefe de Plantão do Pronto Socorro Central da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Professor da Faculdade de Medicina UNINOVE.

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